O que é Febre amarela?
A febre amarela é uma doença infecciosa causada por um vírus e transmitida por mosquitos. A infecção pode ser categorizada de duas formas: febre amarela urbana, quando é transmitida pelo Aedes aegypti; ou febre amarela silvestre, quando transmitida pelo Haemagogus e Sabethe.
A doença é considerada aguda e hemorrágica e recebe este nome, pois causa amarelidão do corpo (icterícia) e hemorragia em diversos graus. O vírus é tropical e mais comum na América do Sul e na África.
A febre amarela pertence à classificação das arboviroses, , tendo várias diferenças entre a dengue e ao Zika vírus, apesar de pertecerem à família dos Flavivírus.
O que sabemos sobre o atual surto?
De acordo com especialistas do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, o vírus que causou o maior surto de febre amarela dos últimos 14 anos no Brasil, veio da Amazônia. Os virologistas concluíram isto após comparar o vírus de macacos mortos na região de São Paulo, no último semestre, com o vírus de surtos anteriores na mesma região e também na Amazônia.
Para os pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), o vírus que circulou no país, sofreu mutações que estão associadas à sua replicação viral, ou seja, à sua proliferação na população. Pela 1ª vez foram registradas essas mutações na literatura médica mundial, e as próximas pesquisas servirão para descobrir se isso influenciou ou não na rápida propagação da doença.
Até o final de março, a Secretaria de Saúde do Brasil notificou cerca de 2.000 casos de febre amarela, sendo que em torno de 777 foram confirmados, 500 continuam sob investigação e 261 evoluíram para óbito. Minas Gerais foi o estado mais afetado (com maior número de mortes), seguido pelo Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Pará. No dia 06 de setembro deste ano, o Ministério da Saúde do Brasil declarou o fim do surto de febre amarela no País, destacando a importância das medidas de prevenção.
Transmissão
A febre amarela ocorre nas Américas do Sul e Central, além de em alguns países da África e é transmitida por mosquitos em áreas urbanas ou silvestres. Sua manifestação é idêntica em ambos os casos de transmissão, pois o vírus e a evolução clínica são os mesmos — a diferença está apenas nos transmissores. No ciclo silvestre, em áreas florestais, o vetor da febre amarela é principalmente o mosquito Haemagogus e do gênero Sabethes. Já no meio urbano, a transmissão se dá através do mosquito Aedes aegypti (o mesmo da dengue). A infecção acontece quando uma pessoa que nunca tenha contraído a febre amarela ou tomado a vacina contra ela circula em áreas florestais e é picada por um mosquito infectado. Ao contrair a doença, a pessoa pode se tornar fonte de infecção para o Aedes aegypti no meio urbano. Além do homem, a infecção pelo vírus também pode acometer outros vertebrados. Os macacos podem desenvolver a febre amarela silvestre de forma inaparente, mas ter a quantidade de vírus suficiente para infectar mosquitos. O macaco não transmite a doença para os humanos, assim como uma pessoa não transmite a doença para outra. A transmissão se dá somente pelo mosquito. Os macacos ajudam a identificar as regiões onde estão acontecendo a circulação do vírus. Com estes dados, o governo distribui estrategicamente as vacinas no território nacional.
Existem dois ciclos da febre amarela:
- Febre amarela silvestre: em que mosquitos destas regiões se infectam picando primatas com a doença e podem transmitir a um humano que visite este habitat
- Febre amarela urbana: em que um humano infectado anteriormente pela febre amarela silvestre a transmite para mosquitos urbanos, como o Aedes aegypti, que a espalham.
É importante alertar que em ambos os casos a doença é a mesma, a diferenciação do ciclo de transmissão apenas ajuda nas estratégias para evitar a disseminação da febre amarela.
A pessoa permanece em estado de viremia, ou seja, capaz de transmitir o vírus para mosquitos, por até 7 dias após ter sido picada.
Normalmente o vírus causa sintomas em pessoas que nunca tiveram a doença ou que nunca tomaram a vacina contra febre amarela.
Sintomas de Febre amarela
Muitas pessoas que contraem a febre amarela não apresentam sintomas, e quando os apresentam, os mais comuns são:
- Febre
- Dores musculares em todo o corpo, principalmente nas costas
- Dor de cabeça
- Perda de apetite
- Náuseas e vômito
- Olhos, face ou língua avermelhada
- Fotofobia
- Fadiga e fraqueza.
Os sintomas nesta fase aguda da doença costumam durar entre três e quatro dias e passam sozinhos.
No entanto, uma pequena porcentagem de pessoas pode desenvolver sintomas mais graves cerca de 24 horas após a recuperação dos sintomas mais simples. Nesta fase chamada de tóxica, o vírus pode atingir diversos órgãos e sistemas, mas principalmente o fígado e rins. Os sintomas dessa fase são:
- Retorno da febre alta
- Icterícia, devido ao dano que o vírus causa no fígado
- Urina escura
- Dores abdominais
- Sangramentos na boca, nariz, olhos ou estômago.
Em casos mais graves o paciente pode apresentar delírios, convulsões e até entrar em coma.
Dependendo do dano causado no organismo, esta fase da febre amarela pode levar a morte no intervalo entre sete e dez dias. Por isso, pessoas que são diagnosticadas com febre amarela devem estar atentas ao aparecimento dos sintomas iniciais e observar se os sintomas mais graves se manifestarem, para busca de ajuda médica.
Os sintomas da febre amarela podem ser confundidos com malária, leptospirose, hepatite viral e dengue hemorrágica. Já os sintomas de dengue comum também se assemelham, apesar de serem um pouco mais leves.
Prevenção
Vacinação contra febre amarela
A vacinação é considerada pela Organização Mundial da Saúde a forma mais importante de prevenir a febre amarela. Tanto que é a vacinação frequente que impede que a doença de espalhe mesmo em áreas endêmicas. É preciso que ao menos 80% da população seja imunizada contra um vírus para prevenir a doença nestas regiões.
Veja a seguir como deve ser a vacinação em áreas endêmicas:
- De 6 meses a 9 meses de idade incompletos: a vacina está indicada somente em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem inadiável para área de risco de contrair a doença
- De 9 meses até 4 anos 11 meses e 29 dias de idade: é indicado uma dose aos 9 meses de idade e uma dose de reforço aos 4 anos de idade
- A partir dos 5 anos de idade: se a pessoa já recebeu uma vacina, pode-se dar mais uma dose. Se ela nunca foi vacinada, é preciso dar uma dose inicial e outra de reforço 10 anos depois.
No caso de pessoas com mais de 60 anos que nunca foram vacinadas, o médico deve levar em conta os riscos da vacinação, que incluem o risco de eventos adversos nessa faixa etária ou decorrentes de comorbidades. Gestantes e lactantes são contraindicadas a tomar esta vacina, assim como pessoas imunossuprimidas. A orientação sobre a dose da vacina contra febre amarela foi atualmente reformulada. Anteriormente, após tomar a vacina pela primeira vez era necessário tomar uma segunda dose depois de 10 anos. No entanto, com a nova regra uma pessoa que já tomou a vacina contra febre amarela não precisa se revacinar, mesmo que esta dose tenha sido ministrada há mais de 10 anos. As únicas exceções são para pessoas que tomaram a dose fracionada da vacina e para crianças de 9 meses a 5 anos de idade.
No caso de viajantes, o recomendado aqui no Brasil é realizar a vacinação 10 dias antes da viagem, no caso de primeira vacinação, já que os anticorpos protetores aparecem entre sete e dez dias após o contato com o vírus. De acordo com as Regulações de Saúde Internacionais, os países têm o direito de requerer de viajantes o certificado da vacinação contra a febre amarela.
Como funciona a vacina fracionada?
A partir do dia 19 de fevereiro ao dia 9 de março deste ano, começa a aplicação das vacinas fracionadas contra a febre amarela. A vacina imuniza a pessoa por 8 anos e após esse período é necessário tomar uma nova dose. Quem tomou a dose única anteriormente, não precisa ser vacinado novamente.
Não há relatos de transmissão de febre amarela direta entre pessoas.
Tratamento de Febre amarela
Não existe medicamento para combater o vírus da febre amarela. O tratamento é apenas sintomático e requer cuidados na assistência ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso com reposição de líquidos e das perdas sangüíneas, quando indicado. Nas formas graves, o paciente deve ser atendido numa Unidade de Terapia Intensiva.
Não existem tratamentos médicos específicos contra o vírus da febre amarela. Normalmente o tratamento visa a melhora dos sintomas e em casos mais graves é realizado o atendimento em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para reposição do sangue perdido nas hemorragias, diálise para os rins afetados e controle geral das complicações.
Devido ao risco da doença se desenvolver de forma hemorrágica, é importante evitar o uso de aspirina.
Fatores de Risco
Pessoas que nunca entraram em contato com a febre amarela ou nunca se vacinaram contra ela correm o risco de contrair a doença ao viajarem para locais em que a doença é ativa, mesmo que não haja casos recentes reportados nestas regiões.
O risco é maior para as pessoas com mais de 60 anos de idade e qualquer pessoa com imunodeficiência grave devido a HIV/AIDS.
Fontes: Site Biologia total e Minha Vida